Uma homenagem às mães
A maternidade só pode ser a coisa mais abençoada e transformadora da face da terra. Admiro a coragem de cada mãe engajada nessa causa. Parabéns mães! Sabem porque?
Quando me deparo com fotos de amigas que são mães em festas infantis temáticas, com um sorriso rasgado e a legenda da foto dizendo“Isso que é felicidade plena!”
( mesmo estando em torno de uma mesa repleta de risoles e kibes frios e tabletes de chocolate de marca de procedência duvidosa semi derretidos -até porque chocolate ruim tem tanta parafina que ele só derrete totalmente numa temperatura acima de mil graus centígrados), com coleguinhas do filho aos prantos, muito remelentos, no canto direito da foto e no canto esquerdo, animadores aos berros com microfones em punho fantasiados de algum híbrido de Homem Aranha com Bob Esponja cujo figurino foi claramente produzido na Rua da Alfândega (nada contra figurinos produzidos lá, pelo contrário, eu acho digno e o custo benefício é bom), penso: “Será que só eu preferia ter um furúnculo no cotovelo ou baratas Australianas (são gigantescas) passeando pelo meu corpo todo, do que ter que passar por isso algum dia na vida?”. Até porque a festa infantil seria o menor dos desafios, perto de ter que assistir ao mesmo desenho animado 57 vezes ao dia, voltando sempre pra rever a cena em que o vilão se dá mal ou ter que assistir ao DVD “Só para baixinhos” diariamente no último furo do volume.
Dito isso, chego a conclusão que o problema tá realmente comigo. Acho que preciso da maternidade um dia pra me tornar uma pessoa melhor, pra evoluir espiritualmente mesmo. Yoga pra que, perto disso? Me desculpem mães dedicadas e satisfeitas, vocês são praticamente avatares encarnadas e eu não possuo essa nobreza de espírito. Enquanto eu não for mãe, não possuirei e todas tem minha completa admiração. Vocês são pra mim como ETs falando um idioma intergaláctico indecifrável e habitando um universo bizarro que não só não compreendo, como tenho pavor de conhecer...mas a vida dá tantas voltas...
Se um dia me pegarem no flagra comprando ingressos pra ver “Smurfs” em 3D (o que considero uma afronta, já que assisti aos Smurfs minha infância inteira e o simples fato de serem azuis, foi mágico pra mim o suficiente pra se tornarem meus personagens de desenho animado favoritos e não admito que a Smurfete tenha virado uma figura high-tech pra se adaptar aos tempos modernos, seguindo os passos de Lady Gaga.) ...Enfim, se me pegarem no flagra no cinema indo ver isso, podem acreditar que eu terei finalmente subido alguns degraus na escala evolutiva, assim como vocês e estarei provavelmente sustentando um bigode por nunca mais ter tempo de me depilar, estarei com as unhas roídas até o sabugo, com alguns quilos a mais, horrenda, mas com o sorriso mais aberto que já dei na vida, por ter me tornado mãe. Quem sabe então poderei como vocês, brilhar nas fotos de festas infantis temáticas de minha filha, que provavelmente estará pendurada num lustre ou até mesmo mordendo algum inseto pestilento qualquer, mas certamente me proporcionando momentos de pleno júbilo. Por último, obrigada à maior de todas: minha mãe! Feliz dia das mães! Tenho certeza que você deve me amar demais, por ter se submetido à isso tudo, e olha que naquela época não tinha Facebook pra revelar tudo o que você teve que passar em termos de comemoração infanto-juvenil. Obrigada mãe! Te amo!