quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Nada de novo pro mundo, mas...

...fui magoada. E muito. O que eu sentia de muito profundo, puro, grandioso foi descartado que nem lixo.Tenho andado triste demais, melancólica, insone, mesquinha, ruminante, alternando momentos de extrema nostalgia com outros (muitos) de extrema raiva e decepção. Me iludi, acreditei que um sentimento desses, sendo recíproco, pudesse superar as minhas fraquezas, minha insistência cega em certos erros, enfim, as minhas humanidades. Sei que o meu superaria muita coisa, acho que tudo. O que eu sentia não parecia ter limite, e de repente me foi imposto um limite: o limite do outro. O que me inundava, como água, o que era em mim incontido e extremo, foi contido, foi represado e agora está escoando pelos meus olhos. Me culpei muito por isso ter acontecido, mas agora não mais. Lembrei que nas grandes histórias vividas reais e fictícias, nada é o suficiente para estragar algo forte, o essencial, o amor. Não há o que contenha água, quando ela impõe sua força verdadeira. Assim é paixão, amor desenfreado. Assim é o que havia em mim de sentimento. Ao menos pude conhecer a extensão do amar que posso, da grandiosidade que posso ter no sentir.
Eu não soube bem expressar sentimentos da forma esperada, não soube cumprir com as exigências burocráticas (como tantas vezes escutei ) de um relacionamento...MAS NUNCA O QUE EU SENTI FOI BUROCRÁTICO!!! Não tenho absolutamente vocação nenhuma pro funcionalismo público na minha vida, menos ainda no amor. Meus sentimentos não são assim. São de mar, não de água doce.Não há represa que contenha o mar, água que tem vida própria que não é doce nem pacata. É salgado, revolto, profundo, inconstante e imenso. Foi conflito de naturezas, mas ainda não consigo aceitar a incapacidade de conciliar essas naturezas. Rios deságuam em mares, águas salgadas encontram águas doces e há choque nestes encontros, mas depois se fundem numa homogenia absoluta. Esse é o desafio maior e ninguém que realmente queira estar junto foge a esse desafio!
Isso tudo ter acontecido foi dolorido, mas bom. Vi que tenho que me bastar na vida, me bastar internamente, que compartilhar é bom, mas não imprescindível. A entrega que acreditei que existisse a ponto de querer compartilhar tudo, inclusive as chatices, o previsível e o humano, não foi dessa vez. Sei que existe e acreditei profundamente que tinha encontrado isso, mas vi que não. Não me isento de culpas, por isso aceitei mais uma vez o que saiu de controle. O que desgovernou-se, até capotar irreversivelmente. Aceitei a morte, a perda, o fim do que havia sido tão vital pra mim. Apesar disso, sobrevivi.
Zerou-se uma etapa. Sei que daqui de onde eu estou agora existe uma força inerte com potencial pra seguir pra qualquer lugar. Como uma semente antes de germinar, uma promessa de tudo por vir, tudo por se tornar.
É assim que eu sei o amor. Sem certo ou errado, fui inteira no que eu sabia. Decepcionei as expectativas do outro, mas o outro nunca deixou de ser amado, mesmo quando me decepcionou também.Talvez jamais deixe. Preciso me perdoar e pedir perdão por ter acreditado que o outro teria que ter a extensão de sentimento que eu tenho e compreender que o excesso de energia que ponho nas coisas e que às vezes se torna faísca, chama e queima, não é desamor. É minha natureza.
Tudo deve soar muito clichê, eu sei...mas assim é sentir. Foi isso que vivi e aprendi com isso tudo, ao menos até a presente data. Amanhã é outro dia, outra promessa, outra dor, outras alegrias e tudo será sempre o velho novo. Assim é o amor. Tão previsível e inédito sempre. Nada de novo pro mundo, mas...

1 Comments:

Blogger mcpompeo said...

atualiza isso creusa!!! não é possível que não tenha nada pra falar.
bjo,
macraudia

14 março, 2005  

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