segunda-feira, maio 30, 2005

O que eu não quero?

Não quero beleza, nem harmonia, mas a minha adequação.
Nem a perfeição eu quero, nem o sublime
mas o que só pra mim for extraordinário.
Nem quero o caos, nem o tormento, mas o turbilhão
Não do que acham que eu deva, ou seja fundamental,
mas daquilo que só pra mim é necessário.

domingo, maio 29, 2005

PERDER OU GANHAR

Perder um grande amor, perder um ente querido, perder o amor próprio, perder o emprego, perder um amizade, perder o pudor, perder o juízo, perder as forças. Tudo isso ensina a gente perder o medo de perder, e aí a ganhar força novamente, ganhar novos amigos, ganhar o amor próprio de novo, ganhar uma nova profissão, ganhar uma nova vida. Vitimar-se ou fortalecer-se. São essas duas opções que temos nessa vida , e é só isso que diferencia os perdedores dos ganhadores.

terça-feira, maio 24, 2005

PEOPLE SUCK

As pessoas estão cada vez mais decepcionantes, intolerantes com o próximo, em si mesmadas e isso é contagiante. E triste. Parece que o caminho mais fácil é a separação, o corte, do que a tentativa de conviver, de tolerar, de compreender o outro e aceitar o lado mais mesquinho que todo mundo tem. É muito egoísta querer julgar, mudar o outro. É uma pena, pq. isso tem me tornado cada vez mais fria, alienada e anestesiada... já não espero muito de ninguém, não mais do que podem dar, mas também não me venham julgar, não me venham com sermões, porque se tive tolerância com suas mazelas pessoais e aceitei conviver com seu pior lado e não vão aceitar o meu pior lado, me poupem de críticas . Nessas horas dá vontade de mandar todo mundo se fuder, principalmente quem adora fingir que é muito polido, muito amigo e sociável e na verdade é hipócrita , cheio de bloqueios e medos de serem honestos consigo mesmos. De que adianta ser agradável, simpático, suave nas palavras e nos gestos e ignorar completamente a natureza interna do outro? Adianta apenas nos acordos diplomáticos, adianta pra quem leva uma vidinha fútil e é superficial nos relacionamentos! No dia-a-dia só serve pra isolar cada vez mais as pessoas umas das outras. Isso me entristece muito, pq. vejo que é questão de sobrevivência adaptar-se a isso ou alienar-se. Agora entendo o autismo, a esquizofrenia, a renúncia, o suicídio e a Brigitte Bardot que se isolou de tudo e foi viver entre os bichos!!!!

sexta-feira, maio 20, 2005

Sobre o lixo

Eu estava pensando agora...os ventos fortes como os tufões e furacões tem a função de varrer, as grandes ondas como as tsunamis tem a função de lavar, os incêndios naturais e as erupções vulcânicas tem a função de reduzir o que é tangível ao pó e os terremotos tem a função de chacoalhar as estruturas figurativa e literalmente para eliminar a falsa sensação de segurança. Todos esses fenômenos são agentes depurativos da natureza, mecanismos de defesa que nosso planeta tem para de quando em quando se auto-reciclar. Sem querer soar profética e bíblica e já soando, enquanto a consciência disso não for algo muito enraizado nos nossos hábitos e continuarmos a agir como se todo o lixo que produzimos não fosse um problema individual e sim coletivo, continuarão a aumentar a intensidade e freqüência de tais fenômenos, que são apenas manifestações do planeta em seu ímpeto de sobrevivência. Enquanto não considerarmos , de fato, o planeta em que vivemos nossa casa e e cuidarmos dele com o mesmo zelo com que cuidamos de nossos imóveis, nos tornaremos cada vez mais reféns dentro do nosso próprio lar que é a terra. Esse lixo todo que acumulamos a meu ver, inclui não apenas o físico, orgânico e reciclável como também o lixo emocional, sonoro, visual enfim, todo aquele tipo de lixo que o ser humano tem a criatividade e capacidade de produzir e que vai acumulando e sem perceber intoxica a si e tudo que lhe circunda. Isso não é um sermão, nem tive a intenção de soar didática (apesar de estar soando), mas pensei sobre isso hoje, e para não acumular essa reflexão, me livro dela imprimindo aqui.

segunda-feira, maio 16, 2005


...
Acho que viver é aceitar também o inesperado , a supresa , o descontrole , aceitar que tem coisas que não entendemos, que não conhecemos e que existem mistérios sim. Não temos domínio de tudo que é bom nem do que é ruim. A própria natureza com sua força tem nos dado essa lição, principalmente nos últimos tempos, portanto é muita arrogância querer controlar tudo. Não somos responsáveis por absolutamente tudo o que nos acontece, mas somos absolutamente responsáveis pela forma como reagimos ao que nos acontece.

Nascer foi o que nos trouxe aqui, mas aceitar o inesperado que é a vida, aceitar a morte , as perdas e conseguir nascer de novo é o que realmente nos fortalece e nos eleva acima dessa existência terrena. Por isso acredito na alma e na eternidade dela. Como o universo, que abriga mortes e nascimentos de novas estrelas e sistemas a cada segundo mas é infinito e está em eterna expansão, é nossa alma. Milhares de células nossas morrem, se degeneram, às vezes até se regeneram, o tempo todo , mas o que comanda elas não conhece limites, por ser eterna .

Então pra que querer controlar tudo? Pra que ter medo das perdas, se a nossa essência continua? Pra que ter medo da subtração se até a subtração se torna parte do nosso somatório de experiências? O universo continua se expandindo, mesmo havendo morte, mesmo havendo nascimento, mesmo havendo explosões, nada o segura porque sua essência é essa.Expandir-se dói, crescer é romper o casulo, é ir além dos próprios limites e sentir-se inadequado como uma larva antes de tornar-se borboleta, mas é inevitável. Então pra que tanto medo, tanto controle, se nossa essência vai muito além de nós mesmos?

quarta-feira, maio 11, 2005

O que nos tornamos é uma questão de quando e onde. Onde se nasce, onde se cresce, quando se nasce, quando se torna, pra onde se vai, quando se foi, por onde ir, quando chegar, onde morar, quando mudar, onde chegar, quando voltar, quando aprender, onde ficar, quando parar.

domingo, maio 01, 2005

GAVETAS

Nesse dia de chuva que tirei pra ficar em casa, resolvi arrumar umas gavetas e lembrei: de num certo dia de chuva como esse, atravessar a rua contigo os dois apressados e mesmo assim abraçados, da sua disposição matinal contrastando com minha preguiça e mau humor, dos seus beijos e carinhos de bom dia que curavam esse mau humor, do conforto de dormir ao seu lado e numa certa noite agradecer em silêncio só por isso, da urgência em te ver e não poder no mesmo dia porque você trabalhou até tarde, da sua vitamina de goiaba, de te esperar terminar o banho pra vermos qualquer coisa na tv juntos, de te pedir sempre um copo d´água antes de dormir, das nossas implicâncias carinhosas, de pequenas gentilezas e zelos um com o outro, da nossa anatomia que tanto encaixava, de ter o pensamento " com ele eu casava", de sempre saber onde você estava, o que você planejava, o que você almoçou, de te comprar um presente, do barulho do vento nas persianas do quarto, do cheiro de pão da padaria ao lado que invadia sua casa, do quadro que eu pintei pra você, das suas roupas, do seu armário,das suas gavetas... tudo isso guardado nas minhas gavetas. O que faço com tanta coisa? Guardo gavetas dentro de outras gavetas? Não tem espaço pra tanta coisa num compartimento tão pequeno. Não sei onde ponho tanta lembrança e tanta saudade. Ainda bem que hoje é Domingo, dia de abrir gavetas...