quinta-feira, outubro 12, 2006


QUERO SER DENISE STOKLOS QUANDO CRESCER


Fui ver "Olhos Recém-nascidos" hoje, com Denise Stoklos. Foi a segunda vez que a vi em cena e desde a primeira me emocionou profundamente e me marcou a vida, como sei que a de todos que tem essa oportunidade e privilégio. Esse espetáculo um tanto auto-biográfico e confessional, soa como um diário pessoal narrado que ela folheia e lê para o expectador durante uma hora , mas não por isso, menos vivo e impactante do que o outro que assisti, cheio de movimentos corporais largos, caretas e aproveitamento pleno do espaço físico do palco, que é tão próprio dela. A respeito disso inclusive, em um dado momento ela narra uma suposta "carta psicografada" de um expectador frustrado- que seria o porta-voz de nós, a platéia - descrevendo suas impressões naquele momento sobre o espetáculo em jogo ali, criticando com genial auto-ironia o fato de ser monótono e não cheio de recursos corporais esperados dela, e dos quais ela em geral se dispõe. Mencionando sua "ligação forte com fios" como o pai dela tinha (só que no caso dele eram fios eléticos e no dela, fios invisíveis que ligam ela ao expectador) pela segunda vez ela me tocou enormemente, como acho que a todos hoje confirmando esta teoria.
Denise Stoklos definitivamente tem o dom de criar esse "fio" ou elo invisível entre ela e quem a vê, e que creio eu, que nunca mais se desliga pela grandiosidade das coisas que diz de seu modo tão pessoal, pela sua grandiosidade como intérprete, poeta e pela própria grandiosidade,literalmente falando, do porte físico que ela possui. Enfim, é impossível esquecer essa artista e tudo que ela deixa no palco e que permance e ecoa depois de tê-la visto.
O problema - e eu fiz toda a introdução acima para tocar neste ponto - é que é um ato de coragem ir assistí-la. Ela nos faz sentir pequenos, mesquinhos, superficiais, medíocres e , no meu caso por ser também artista, ínfima na minha contribuição criativa dentro deste ofício que escolhi. Denise Stoklos reduz ao pó qualquer esboço criativo naquele momento em que a vemos. De tão grande que é, não sobra nada ali, só o que ela propõe, seja o que for: choro e riso, feio e belo, altos e baixos, palavra e música, barulho e silêncio, excessivo e mínimo, essencial e mundano, gênese e morte. Obrigada Denise Stoklos pelo espetáculo de hoje, pelo anterior, pelo legado que tem deixado e, principalmente, por nos fazer lembrar que um artista não é grande pelo espaço ou tempo que reivindica da mídia, mas pela dimensão de sua obra que quando é grande como a sua, perpetua.

3 Comments:

Blogger Mr. G said...

Concordo c Hades, vai saber oq Denise sentiu ao assistir alguém que admirava...e provavelmente qdo ela encontrou sua "linguagem", q pelo q vc diz ela mesno subverte agora, foi totalmente adversa de quem a inspirou!!!
Amiga, esse sentimento de "frustração" é pano p/ muitas camisas!!!
Mas use esses espetáculos q te tocam como fomento, como desmontração de uma não fórmula, como vários caminhos..e tire deles força para seguir em frente, voce é mto talentosa!!! e embreve teremos uma crisinha babando e querendo ser a Pompeu!!
bjks!!!!

13 outubro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Denise realmente é uma "MESTRA". Tem a magia de nos embebedar com a sua capacidade criativa. E esse fio invisível, que você muito bem observa, nos laça como uma teia bem feita nos deixando perplexos ante ao poder magnético dessa Deusa.Não tem como não admirar e ficar extasiada com a magnitude do trabalho dela. Parabéns a você, por todo o seu blog. Cheguei aqui através de Gustavo Klein. Beijos.

19 outubro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Desculpe-me,não sou anônima, apenas esqueci de assinar o comentário, Denise é uma "Mestra"...Cheguei aqui através de Gustavo Klein
Sou Rosa Berg - de Juiz de Fora - Minas Gerais. Beijos.

19 outubro, 2006  

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